Health Meeting – Business & Innovation : primeiro dia teve debate sobre os desafios da gestão em saúde
Os desafios da gestão da saúde na atualidade e para o futuro marcaram os debates do primeiro dia da Health Meeting – Business & Innovation, feira do setor de saúde, que começou na segunda-feira (11/11/24), em Porto Alegre / RS. O evento contou com o 2º Fórum de Gestão, realizado em parceria com a Agenda Executiva em Saúde, reunindo CEOs, gestores e lideranças de instituições do segmento.
Assuntos como formação de lideranças, preparação para o futuro, a importância da inovação e o papel da comunicação para a reputação das instituições marcaram a atividade, que reuniu centenas de pessoas junto ao palco principal da feira.
A abertura teve a presença de lideranças do segmento para debater o tema “A saúde 2030 está chegando. Estamos preparados para os novos desafios?”. Francisco Balestrin, presidente do SINDIHOSP/SP, destacou o envelhecimento da população como sinal de alerta. Para ele, existem quatro agendas prioritárias que precisam entram em pauta: doenças crônicas, saúde mental, controle de epidemias e envelhecimento saudável. “A cada 21 segundos, o Brasil ganha um novo cinquentão. Precisamos aumentar as ações de promoção de saúde, não de atenção primária”, defendeu.
Já Mohamed Parrini, CEO do Hospital Moinhos de Vento, salientou que embora a população esteja envelhecendo em ritmo acelerado, as mudanças na saúde não devem ocorrer na mesma velocidade. Isso porque, argumentou, culturalmente, os brasileiros não costumam promover mudanças quando as coisas vão relativamente bem. O executivo acredita que a saúde do futuro estará menos nos hospitais e mais na palma da mão. “Os wearables vão estar conectados com entidades de saúde e, isso, culminará na saída de pacientes das clínicas, dos consultórios e dos hospitais”, disse.
Alceu Alves, vice-presidente da MV, finalizou a mesa evidenciando a importância da tecnologia como ferramenta de apoio às estratégias de negócios e reiterou que devemos mudar nossa visão de saúde, apostando ainda mais na prevenção do que no tratamento. “Eu luto para que a saúde da família seja um cargo de estratégia nacional. Que os municípios com menos de 21 mil habitantes tivessem um médico da família para cada 4 mil pessoas. Isso mudaria o quadro dos pacientes que precisam ir até grandes centros de saúde”, opinou. A moderação do painel foi de Jorge Bajerski, diretor administrativo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Líderes transformadores
“Liderança é uma jornada, não um destino”, afirmou Kátia Magni, executiva de recursos humanos da 3Up Talentos, ao mediar a segunda mesa do Fórum, que discutiu o tema “Liderança Estratégica e Transformadora”. Abrindo o debate, o CEO do Hcor (SP) e criador da Agenda Executiva, Fernando Torelly, enfatizou a importância de cuidar de quem cuida. Segundo ele, os números de burnout, depressão e ansiedade crescem diariamente – fazendo com que os números de pedidos de demissão se sobreponham aos de demissão. “Agora, muitas instituições estão discutindo o orçamento. É mais barato comprar uma ressonância magnética do que pagar um programa de liderança. É preciso investir na formação de grupos de líderes”, falou, ao afirmar que os maiores hospitais do Brasil têm, em comum, a mesma formação de líderes há anos.
Vânia Röhsig, superintendente assistencial e de educação do Hospital Moinhos, por sua vez, destacou o valor da proximidade. “Usamos a tecnologia para nos auxiliar, pois o hospital é fisicamente muito grande. No entanto, precisamos lançar mão de outras estratégias de aproximação. Costumo perguntar para as equipes: o que vocês fazem aqui que os orgulha? Todos têm algum ponto. Não falamos em colocar o paciente no centro, mas, sim, as pessoas: paciente, família, colaborador”, sublinhou.
O painel teve sequência com André Germano dos Santos Leite, presidente da Unimed Serra Gaúcha, José Paulinho Brand, diretor executivo do Hospital Ouro Branco, de Teutônia, e Sandro Junqueira, diretor executivo do Hospital Mãe de Deus. Brand e Junqueira, que atuam à frente de instituições afetadas pelas enchentes deste ano, destacaram a humildade e necessidade de formar pessoas com capacidade de liderar. “A melhor enfermeira não será necessariamente a melhor liderança”, observou o gestor do Mãe de Deus. Leite completou apontando a confiança como atributo fundamental para se obter sucesso com as equipes: “A empresa precisa entender que não existe líder super-herói, que sabe de tudo”.
Tecnologia, paciente ao centro e comunicação
A inteligência artificial vai substituir a mão de obra humana? O que eu quero para o paciente é o que realmente importa para ele? Essas foram algumas questões que guiaram as mesas da tarde do 2º Fórum de Gestão do Health Meeting. Os primeiros debates trouxeram à discussão o papel das healthtechs para o setor da saúde. Os palestrantes mostraram como as soluções tecnológicas podem melhorar – não substituir – o trabalho humano. Foram apresentados cases da Legna, NoHarm, SHS, Sisqualis e 3778 – todas marcas que buscam aumento de eficiência, redução de riscos e obtenção de dados. A tecnologia também entrou na pauta de Breno Barros, CTO da Falconi . “O grande desafio que eu vejo agora nas empresas é: onde investir primeiro”, pontuou.
Embora seja crucial para a prestação de serviços, as tecnologias não são as únicas ferramentas relevantes no contexto da saúde. Foi sobre esse aspecto que tratou a segunda mesa da tarde, O Cuidado do Paciente sempre será o Diferencial Competitivo de um Hospital. Nela, executivos da Rede D’Or, HCor, e Hospital Albert Einstein mostraram as experiências das suas instituições nas quais o foco é o paciente. É o caso de uma ação da Rede D’Or que valoriza os desejos de cada paciente. “Tivemos um menino que nasceu prematuro em um de nossos hospitais e, alguns anos depois, teve que passar por uma cirurgia ortopédica. Ele queria entrar na sala com o Biscoito, ursinho de pelúcia. O controle de infecção jamais permitiria, mas aquilo importava para o paciente. Após uma limpeza, o Biscoito participou do procedimento”, relembrou Helidea Lima, diretora de qualidade da Rede.
O primeiro dia de Health Meeting encerrou-se com palestra sobre reputação e opinião pública. Os jornalistas Soraia Hanna e Cezar Freitas, sócios da Critério – Resultado em Opinião Pública, falaram da importância da comunicação interna e externa no processo de construção da imagem de uma instituição. “O maior ativo que nós temos é a reputação. E a percepção das pessoas sobre a gente precisa estar ajustada com a verdade”, orientou Soraia.
Programação diversificada
A segunda-feira da Health Meeting teve ainda a 8ª Jornada de Estudos sobre Processamento de Produtos para Saúde e 4ª Jornada de Estudos em Endoscopia do SINDIHOSPA, a 5ª Jornada de Hotelaria Hospitalar do SINDIHOSPA, o primeiro dia do 5º Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (SOBRAMH), e os fóruns de Saúde Mental e Respira RS da Educare. Além disso, houve também as etapas classificatórias da Batalha de Startups. A feira terá continuidade nesta terça-feira (12) e quarta-feira (13).
O Health Meeting – Business & Innovation 2025 em Porto Alegre já tem data confirmada. De 20 a 22 de outubro. Realização HM Brasil feiras e congressos
Fonte : Critério | Marcos Nagelstein/Agência Preview